80 anos no buffet infantil: fui conferir de perto a tendência entre adultos

80 anos no buffet infantil: fui conferir de perto a tendência entre adultos

‘Comemorar e voltar a ser criança faz bem para a saúde mental’, revela terapeuta

Arquivo PessoalMasae Ojima Miyashiro comemora seu aniversário de 80 anos
Masae Ojima Miyashiro comemora seu aniversário de 80 anos

Quem disse que aniversário não deve ser comemorado após certa idade não sabe o que é diversão. Aliás, uma nova tendência, a de realizar festas de adultos em buffets infantis, virou moda em São Paulo e tem tudo para viralizar. Como boa colunista, fui conferir de perto a ousadia de uma família de poucas crianças que reside na capital e decidiu celebrar o aniversário de 80 anos da matriarca, em um espaço completamente lúdico.

“A gente optou por fazer a festa aqui na unidade Cata-vento porque tinha arvorismo e tirolesa, além de vários outros brinquedos que adultos podiam experimentar. Não é todo local que tem essa estrutura, e minha mãe adora radicalizar sempre que pode, então embarcamos todos juntos”, conta a fisioterapeuta Cristiane Miyashiro.

Posso dizer que muita coisa me surpreendeu nessa reportagem. Primeiro que a família quase não tem crianças, a neta da aniversariante de 7 anos foi a felizarda porque teve à disposição um verdadeiro parque de atrações. E presenciar três gerações sorrindo e aproveitando o mesmo brinquedo foi simplesmente espetacular.

Para a dona da noite, a aposentada Masae Ojima Miyashiro, a comemoração dos 80 anos foi perfeita. “Sempre que vou em aniversários infantis eu participo, escorrego e brinco e aqui não foi diferente. Exercitar o amor através da diversão com meus entes queridos e amigos foi mais que especial”, comenta.

Festa de 80 anos de Masae Ojima Miyashiro com amigos e familiares

Marcelo Golfieri, CEO da Rede Cata-vento e especialista em festas há mais de 30 anos, aponta que essa moda não vem de hoje. “A tendência de busca por festas que remetam à infância e brincadeiras, ou seja, à nostalgia vem já de uns anos para cá. Temos até aniversários de 15 anos que são comemorados em unidades nossas porque a rede investe em uma estrutura que atende adultos e crianças tranquilamente”.

Especialista aprova nova moda e incentiva: “Faz bem para saúde mental”

De acordo com o terapeuta João Borzino, vivenciar a nostalgia faz bem para a saúde mental e física. “Essa é uma ferramenta psicológica poderosa: quando um adulto retorna simbolicamente a um ambiente da infância, como um buffet infantil, ele está, muitas vezes, tentando recuperar uma parte essencial da psique que foi perdida. Esses espaços ativam memórias sensoriais e emocionais que nos reconectam com experiências mais puras e espontâneas e isso é benéfico porque nos lembra quem fomos — e, portanto, quem ainda podemos ser”.

Ainda segundo o especialista, quando um adulto diz que está “reativando a criança interior”, o que ele realmente está tentando fazer — ainda que de forma inconsciente — é integrar partes esquecidas de si mesmo. “Ao permitir-se brincar, rir sem propósito, participar de atividades aparentemente ‘infantis’, o adulto dá um passo em direção à saúde emocional. Ele aprende a equilibrar responsabilidade com humanidade. E isso não é tolice. Isso é maturidade com profundidade e digo que faz bem para saúde física também porque, ao estabilizarmos o lado emocional, temos uma regulação hormonal de bem-estar já comprovada cientificamente, inclusive. Mais do que nunca sabemos que a ligação entre saúde física e emocional é direta e completamente intensa”, explica o terapeuta.

Masae Ojima Miyashiro comemora seu aniversário de 80 anos

Masae Ojima Miyashiro experimentou a tirolesa no buffer onde celebrou o aniversário

Borzino ainda reconhece outra vantagem nesse tipo de comemoração: a chance de romper uma das grandes tragédias da vida moderna: a fragmentação entre gerações. “Hoje, jovens estão isolados em telas, adultos em rotinas exaustivas e idosos em esquecimento. Quando você coloca todos num mesmo espaço lúdico, brincando, correndo, se emocionando, você cria uma ponte psicológica e afetiva entre tempos da vida que costumam estar separados. Do ponto de vista da saúde mental, isso ativa empatia, presença, redução do estresse e, mais importante, sentido.” Tudo isso a gente sente na reportagem exclusiva que eu fiz em formato de vídeo, em que você confere, inclusive, a descida da Dona Masae na tirolesa e a vibração dela por ter superado mais um desafio! Assista!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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