Líderes conservadores participam de evento em Curitiba

Líderes conservadores participam de evento em Curitiba

Mais de 1,4 mil pessoas participaram do evento “Construindo o Brasil do futuro”, com a presença do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e da deputada estadual Ana Campagnolo (PL-SC), no último sábado (5), em Curitiba. Promovido pelo Instituto Luzeiro e realizado no Espaço Torres Kennedy, na região central da capital paranaense, o evento foi marcado por uma tônica de resgate cultural e moral conservadores.

Célebre por seu ativismo contra distorções ideológicas à esquerda promovidas em escolas e universidades, Ana Campagnolo falou de história, cultura, um pouco de política, e também sobre desigualdades que, na análise dela, privilegiam injustamente as mulheres no ordenamento jurídico. Ela é autora de livros que denunciam aspectos contraditórios do feminismo, como “Feminismo: perversão e subversão” (Vide Editorial, 2019) e o lançamento “Não existe cristã feminista” (Editora Vida, 2025).

A deputada catarinense citou figuras históricas como a imperatriz Maria Leopoldina, que exerceu um papel crucial na Independência do Brasil; a abolicionista princesa Isabel; e duas deputadas católicas que exerceram mandatos quase um século atrás: Carlota Pereira de Queiroz, médica, eleita por São Paulo em 1934, e Antonieta de Barros, professora que se tornou a primeira deputada negra pelo estado de Santa Catarina em 1935. Embora pioneiras entre as mulheres na política, destacou a deputada, elas “nunca se associaram à ideologia feminista”, preferindo uma visão cristã e patriótica sobre o papel da mulher na sociedade e a sua contribuição singular para o Brasil.

A parlamentar do PL catarinense também criticou o governo Lula (PT), entre outros pontos, por ter retirado o Brasil como signatário da Declaração de Consenso de Genebra, que fora assinada no governo Bolsonaro em 2020 e prescrevia o fortalecimento da família e o combate ao aborto. Ela também questionou o fato de os homens terem de prestar serviço militar para poderem votar e exercer plenamente a cidadania, enquanto nenhuma contrapartida é exigida das mulheres. Citando Carlota de Queiroz, ela defendeu a exigência, para as mulheres, de um período de prestação de serviço social ou alguma contribuição cidadã análoga para exercerem o direito ao voto.

Na questão histórico-racial, Campagnolo emendou críticas à idolatria da esquerda por Zumbi dos Palmares, um homem que, segundo ela, era ele próprio senhor de escravos, e que “não é sequer questionado pelas feministas”, enquanto mulheres como a princesa Isabel, que na análise dela teriam feito muito mais pelos escravizados, são desprezadas simplesmente porque eram cristãs.

Segundo o organizador do evento e presidente do Instituto Luzeiro, Paulo Melo, o órgão foi fundado em 2019 para promover eventos de formação conservadora, um clube de leitura de obras relevantes e manifestações nas ruas, sobretudo nas pautas pró-vida e contra a corrupção. À Gazeta do Povo, Melo disse que os deputados Campagnolo e Ferreira foram “inspiradores do Luzeiro” e que “nós [conservadores] apanhamos de todos os lados, então o que a gente precisa é de pessoas de coragem”.

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Nikolas Ferreira motiva formação de líderes conservadores

O deputado federal Nikolas Ferreira motivou o surgimento de novas lideranças políticas conservadoras e falou sobre valores, comunicação com o público, autenticidade e fidelidade aos princípios cristãos. Cobrando coerência de cidadãos e políticos que se declaram conservadores, o parlamentar disparou: “Não podemos ser conservadores trans, que se sentem conservadores, mas não são, de fato, na sua vida pessoal.”

Para Nikolas Ferreira, há contradição inclusive no discurso dos conservadores que se casam, mas não querem ter uma família numerosa e usam métodos contraceptivos depois da união conjugal: “Não tendo filhos, você está deixando de salvar o Brasil”, declarou Nikolas, em aparente referência ao “inverno demográfico” que acomete diversos países europeus e deve impactar, nos próximos anos, também o Brasil, cujos índices de natalidade já estão abaixo da taxa de sustentabilidade populacional.

O deputado abordou, ainda, mudanças nos padrões de conduta e nos modelos dos jovens: “Antes os meninos se espelhavam no Rambo, hoje alguns estão usando cropped… Mas nós também temos que nos tornar homens e mulheres melhores se quisermos ser referência para eles.” Lendo um trecho do livro Rumo à Felicidade, do finado bispo e televangelista norte-americano Fulton Sheen, o palestrante convocou os seguidores a fugir da frivolidade e não deixar que as externalidades da política cotidiana tomem o justo espaço que devemos dedicar à formação do próprio caráter:

“A ênfase excessiva da política nos dias de hoje é uma indicação de que as pessoas são governadas em vez de estarem governando. […] Ficamos tão concentrados em governar o que está fora de nós que negligenciamos o governo de nós mesmos. No entanto, deve-se sempre encontrar a chave para o aperfeiçoamento social no aperfeiçoamento pessoal. Refaça o homem e você reconstruirá seu mundo. Necessitamos seriamente restaurar ao homem o seu respeito próprio e dar-lhe sua devida honra. Isso irá impedi-lo de se curvar covardemente diante daqueles que ameaçam escravizá-lo e lhe dará coragem para defender o certo; sozinho, se necessário, quando o mundo estiver errado.”

Em tom combativo, Nikolas destacou a importância da fidelidade à própria identidade e da coragem de dizer a verdade, mesmo quando ela não agrada a todos: “Chamei o Lula de ladrão em inglês na ONU e o meu discurso foi compartilhado, para minha surpresa, até pelo Elon Musk. Eu disse o que precisava ser dito e não me importo se nunca mais me convidarem para ir lá.”

O parlamentar mineiro destacou o papel das redes sociais na conscientização política dos brasileiros e promoveu seu uso responsável e defensivo. Atitudes imprudentes, no entanto, não foram incentivadas. O deputado pontuou que, diante da situação política pela qual o país passa, “talvez o tempo agora seja de resistir e sobreviver”. Por outro lado, procurou inspirar o público a se manter proativo.

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Políticos locais compareceram

Patrocinado por 12 empresas e também por pessoas físicas, o evento arrecadou aproximadamente mil litros de leite, via ingresso social, para as famílias atendidas pela Casa Rute e outras entidades beneficentes. Lideranças políticas locais marcaram presença, como o deputado estadual do Paraná Tito Barrichello (PL), a vereadora por Curitiba Tathiana Guzella (PL) e o também vereador curitibano Guilherme Kilter (Novo), além do vereador de Florianópolis João Padilha (PL-SC).

Kilter, que assumiu o cargo com apenas 23 anos e tem um perfil à direita similar ao dos palestrantes, disse à Gazeta do Povo que acompanha as iniciativas dos dois convidados há vários anos e acredita que eles “trazem uma mensagem de renovação que nos ajuda a transformar o Brasil”. Sobre a frequente comparação feita entre ele e o colega mineiro, o vereador se mostrou confortável com a alcunha de “Nikolas do Paraná”:

“Acredito que digam isso pela idade, pela forma de se comunicar, pelas pautas que a gente tem em comum. Ele é, sim, uma referência. Quando não tinha quase ninguém na direita com essa pauta da juventude, ele estava lá, então com certeza é uma inspiração pra mim, mas eu também tenho a minha própria identidade, o meu próprio caminho a seguir, e acredito que aqui podemos fazer coisas muito boas por Curitiba e pelo Paraná”, respondeu.

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