A Polícia Civil da cidade do Litoral Norte de São Paulo concluiu nesta segunda-feira (17) o inquérito final da explosão do avião, que deixou uma pessoa morta e outras seis feridas. Agora, o caso foi repassado para a Polícia Federal. Avião explodiu em Ubatuba, no Litoral Norte de SP
Francisco Trevisan
A Polícia Civil concluiu, nesta segunda-feira (17), o inquérito sobre a explosão do avião em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, no início deste ano, que causou uma morte. O relatório oficial foi encaminhado pela corporação à Justiça Federal e à Polícia Federal.
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O acidente aconteceu no dia 9 de janeiro, quando o avião com cinco pessoas ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba e explodiu na Praia do Cruzeiro. O piloto morreu. Os quatro passageiros e dois pedestre ficaram feridos – relembre o caso abaixo.
Vídeo mostra queda de jatinho em Ubatuba
O documento, ao qual o g1 teve acesso, não conclui a causa do acidente, mas conta com um relato impressionante do passageiro Bruno Almeida Souza, de 41 anos.
O homem, que estava acompanhado da esposa e dos filhos no voo, relatou em oitiva à polícia que lembra de ter reparado que a pista do aeroporto de Ubatuba, onde o acidente aconteceu, é curta.
“Eu até comentei com a minha com a minha mulher na hora que a gente estava sobrevoando. Eu olhei ali pela janela e falei: ‘Nossa, que pista curta, né?’ Achei a pista um tanto curta, mas enfim, né? O piloto era muito experiente e muito experiente com essa aeronave. Só conosco ele trabalha há 12 anos”, relatou Bruno à Polícia Civil.
Bruno Almeida Souza sobreviveu ao acidente aéreo
Reprodução
O sobrevivente contou também que percebeu que o piloto precisou fazer uma curva fechada por conta de um morro da região e que também percebeu que o avião demorou a tocar na pista.
Ainda durante a oitiva, Bruno afirmou à polícia que sentiu o avião freando, mas que, em seguida, percebeu que o piloto tentou arremeter, por achar que não daria tempo suficiente para frear.
O passageiro relatou que a última lembrança que tem é da pista acabando. Ele afirmou à polícia que, depois disso, só se lembra de já estar internado no hospital.
“Quando ele entrou para fazer a cabeceira eu achei que ele fez uma curva muito fechada. Assim que ele tocou (no chão) ele já imediatamente acionou os freios, acionou o reverso da turbina e foi tentando parar o avião. De repente ele deu motor no avião. E aí eu falei: nossa, ele vai arremeter. Fiquei, como se diz, de orelha em pé. Eu vi a pista acabando e falei: ”Nossa, a pista tá acabando’. A minha primeira lembrança depois é no hospital. E já acamado”, contou Bruno em depoimento para a polícia.
O relatório da Polícia Civil também detalha as diligências que foram feitas, como exames, entrevistas, laudos e fotografias do local do acidente.
A Polícia Civil entendeu que ”a apuração dos fatos e consequente competência para eventual julgamento seria de atribuição federal” e, por isso, decidiu “pelo encaminhamento do inquérito policial à justiça federal competente e respectiva unidade da polícia federal com atribuição para prosseguimento das investigações.”
O g1 acionou a Polícia Federal, a Justiça Federal e o Cenipa sobre o caso. A reportagem será atualizada caso eles se manifestem.
Acidente aéreo de Ubatuba
O acidente
Um avião de pequeno porte ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba, no Litoral de São Paulo, e explodiu na Praia do Cruzeiro, no dia 9 de janeiro deste ano. O piloto morreu e quatro passageiros – um casal e dois filhos – foram resgatados com vida.
Vítimas:
O piloto, Paulo Seghetto, era de Goiânia. Ele morreu depois de ser retirado das ferragens em parada cardiorrespiratória e passar por tentativa de reanimação.
Mireylle Fries, de 41 anos, o marido dela, Bruno Almeida Souza, de 41, e os dois filhos, de 4 e 6 anos, eram os passageiros do voo. Os quatro foram retirados com vida do avião, levados para o hospital e sobreviveram.
Segundo o Cenipa, outras duas pessoas que estavam fora do avião ficaram feridas, sendo que uma ficou em estado grave e outra em estado leve. A vítima grave foi a professora Rosana Maria Alves Vieira, de 59 anos. Ela chegou a ficar internada por causa de uma fratura no pé, mas recebeu alta. Não há informações sobre quem seria o pedestre ferido levemente.
O avião havia saído do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás, e tentou pousar no município do litoral paulista.
Novo vídeo mostra momento em que avião sai da pista do aeroporto e explode em Ubatuba, SP
Pista curta
Dados da fabricante da aeronave e do próprio aeroporto apontam que o avião precisaria de mais pista do que a disponível no aeroporto de Ubatuba para pousar em segurança.
O aeroporto de Ubatuba tem uma pista curta, de apenas 940 metros. O Cessna 525 precisa de 789 m para pouso, segundo o site da fabricante. A concessionária Rede VOA, que administra o aeroporto, informou que as condições climáticas eram ruins e a pista estava molhada.
Segundo o Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar), a aeronave passou pelo que é chamado de excursão de pista, quando o avião sai da pista no momento do pouso ou da decolagem.
A aeronave, com matrícula PR-GFS, modelo Citation 525, foi fabricado em 2008 pela empresa Cessna Aircraft. Ela tem capacidade para sete passageiros, além de dois pilotos.
Segundo o sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava com operação negada para táxi aéreo (transporte comercial de passageiros), mas com situação de aeronavegabilidade “normal”. Isso significa que o avião poderia ser usado normalmente para uso particular do dono.
Mapa mostra pista onde avião deveria ter pousado.
Arte g1
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Em depoimento para a polícia, sobrevivente de explosão de avião em Ubatuba contou que temeu ‘pista curta’ do aeroporto antes do acidente

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