Amapá: CGU vê problema em leilão para alimentação escolar – 12/07/2025 – Painel

Amapá: CGU vê problema em leilão para alimentação escolar – 12/07/2025 – Painel

Uma investigação da CGU (Controladoria Geral da União) encontrou uma série de problemas em um leilão do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) no Amapá.

Entre os exemplos citados estão o fato de empresas de um mesmo grupo econômico participarem do levantamento de preços; fontes usadas neste processo também concorrerem ao leilão; irregularidades em documentos apresentados, além de erros no cálculo de alunos usado para distribuir a verba, que também apresenta incompatibilidade com os dados do Censo.

“Tais vulnerabilidades podem contribuir para a ocorrência de seleção adversa no âmbito do certame, materializada pela habilitação de grupos com capacidade técnica e econômica duvidosa para cumprir o objeto, que no caso em tela, representava quase 45% do valor adquirido pela Administração, no total de aproximadamente R$ 2,5 milhões”, diz a controladoria.

O órgão quebrou o sigilo fiscal dos envolvidos e realizou uma operação contra os investigados na última quarta-feira (9). Procurado, o MEC, que administra o PNAE, não respondeu.

A CGU aponta, por exemplo, que há divergência entre o quadro societário de uma das empresas, que, para participar do certame, afirmou ter 110 associados, mas, segundo a junta comercial, tem apenas 20.

Das seis fontes utilizadas para fazer o mapa de preços —estimativas que baseiam o custo de cada item no leilão, como ovos ou polpas de frutas—, duas também participaram do pregão e, portanto, poderiam tentar interferir na formação destes valores.

De acordo com a controladoria, o cálculo de estudantes em cada cidade do estado, base para a distribuição dos alimentos, apresentou problemas.

A CGU diz que não foram utilizadas na mensuração as informações do Censo Escolar do Amapá, e sim do Programa Escola Melhor —e, mesmo assim, com erros de cálculo.

“Por meio de análises expeditas verificou-se que, na média, o município de Santana [AP] pode ter perdido R$ 178.220,63 em virtude das novas proporções de rateio entre os alunos de ambos os municípios, quando comparados à proporção censitária do ano de 2022”, diz a auditoria.

“Outro aspecto preocupante no caso analisado, foi a participação substancial de agricultores ligados aos mesmos grupos econômicos na fase de levantamentos de preços nos mercados locais”, continua o órgão.

Por isso, a CGU recomenda que a habilitação de uma das empresas participantes do leilão seja reconsiderada, assim como uma das companhias que foram rejeitadas no processo.

“Conclui-se que apesar das impropriedades apontadas em todos as questões apuradas, há possibilidade de saneamento dos atos de gestão considerados impróprios por parte das autoridades competentes”, finaliza o órgão.

Em nota, o MEC diz que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a União exercem funções normativas, supletivas e de coordenação no âmbito do PNAE por meio de assistência técnica e financeira. O ministério diz que o custeio da alimentação escolar não é de responsabilidade exclusiva do FNDE, uma vez que “a gestão da educação é compartilhada entre União, estados e municípios”.

A pasta afirma ainda que a fiscalização do programa é realizada pelo FNDE, pelos conselhos de alimentação escolar, entes federados, órgãos de controle interno, TCU, Ministério Público e sociedade civil.

“No estado do Amapá, onde há saldo em conta referente aos recursos do PNAE desde 2023, o FNDE vem realizando monitoramentos in loco, por meio do programa Chegando Juntos. Com a deflagração de operação que apura fraudes e lavagem de dinheiro, o caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal pelo FNDE, e as informações sobre a operação foram solicitadas à CGU para subsidiar a análise da prestação de contas”, diz.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

administrator

Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *