A operação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) contra o gigantesco desmatamento na cidade de Apuí, no Amazonas, teve como alvo pessoas que já foram alvos de processo por homicídio e invasão de terras públicas, reincidentes em crimes contra a natureza.
O instituto aplicou R$ 173 milhões em multas, em uma ação que ocorreu após o município liderar rankings de destruição da amazônia, com 19 mil hectares suprimidos nos últimos 12 meses, área equivalente a 26 mil campos de futebol.
No total, 87 autos de infração foram feitos contra 46 pessoas por desmatamento ilegal (inclusive em áreas de assentamento da reforma agrária e de preservação ambiental), invasão e grilagem de terras públicas, descumprimento de embargo anterior ou por impedir a regeneração da vegetação.
Uma dessas pessoas é Clayton da Silva. Em março, ele foi alvo de um boletim de ocorrência enquadrado na Lei Maria da Penha —os detalhes do caso são sigilosos, para proteger a vítima.
Neste ano, ele foi alvo de autos de infração do Ibama por criar gado irregularmente tanto do assentamento Juma, quanto em áreas embargadas. Ele também já foi alvo do Ibama em 2011 e 2006.
A coluna tentou contato com ele por números indicados nestes processos nesta sexta-feira (11), mas não conseguiu.
Já Diego Soukef foi autuado neste ano por dificultar a ação da fiscalização ambiental, acumular lixo de agrotóxicos e descumprir embargos anteriores do Ibama.
Ele é réu em uma ação de reintegração de posse movida pelo Incra (Instituto Nacional da Colonização e da Reforma Agrária) por utilizar ilegalmente lotes destinados a um projeto de desenvolvimento sustentável no Pará. A Justiça Federal deu razão ao instituto, e determinou a devolução de uma área de 4.883 hectares, mas ainda cabe recurso.
Procurado por meio de seu advogado, ele não respondeu até a publicação deste texto.
Finalmente, Mario Mattes já foi autuado por destruição ilegal de vegetação nativa da floresta amazônica, por armazenar irregularmente substâncias tóxicas e descumprimento de embargos, dentre outras infrações.
Ele é registrado como dono de mais de 1 milhão de hectares em propriedades rurais no Amazonas, e responde a um processo sigiloso por homicídio qualificado, também no município de Apuí.
Ele não foi localizado pela reportagem nos números que constam em registros oficiais.
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