O presidente Lula (PT) afirmou, nesta segunda-feira (7), que a defesa do Brasil compete aos brasileiros e que o país não aceita interferência de quem quer que seja. A declaração foi uma resposta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez uma publicação em apoio a Jair Bolsonaro (PL).
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, afirmou Lula em nota.
Em publicação nas redes, Trump afirmou que o Brasil está perseguindo o ex-presidente, e criticou o tratamento dado ao brasileiro que é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento envolvendo uma trama golpista após as eleições de 2022.
Bolsonaro afirmou ter recebido com “muita alegria” a nota de Trump. O ex-presidente citou a convivência com o republicano nos anos em que esteve no poder e disse sofrer uma perseguição que classificou como uma “aberração jurídica”.
“Agradeço ao ilustre presidente e amigo. [Vossa Excelência] passou por algo semelhante. Foi implacavelmente perseguido, mas venceu para o bem dos Estados Unidos e dezenas de outros países verdadeiramente democráticos”, escreveu Bolsonaro. “Obrigado por existir e nos dar exemplo de fé e resiliência”, concluiu.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu a declaração de Trump e afirmou que ele está equivocado se pensa que pode interferir no Judiciário brasileiro.
“Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro. O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais”, escreveu ela em sua conta no X (antigo Twitter).
“Hoje ele responde pelos crimes que cometeu contra a democracia e o processo eleitoral no Brasil. Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir. O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário”, completou Gleisi.
Na sequência, o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, escreveu em sua conta que a soberania não se negocia e que o governo brasileiro não aceita tutelas, nem pressões externas.
“Qualquer tentativa de interferência em nossos assuntos internos — venha de onde vier — será firmemente rechaçada. Essa diretriz é ainda mais relevante quando se trata de preservar a independência do Poder Judiciário contra qualquer forma de pressão externa voltada a interferir em suas decisões”, disse.
Na publicação feita na rede social Truth Social, Trump também se comparou a Bolsonaro e apontou perseguição pelo fato do brasileiro ser um oponente político do governo brasileiro.
“Eu tenho assistido, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano. Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, afirmou Trump.
Ainda na publicação, o americano afirmara que pôde conhecer Bolsonaro e o classificou como um líder forte que “realmente amava seu país”.
A mensagem de Trump ocorre em meio à pressão e expectativa de bolsonaristas para que os Estados Unidos apliquem uma sanção ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.