Um pedaço raro do planeta vermelho foi arrematado por US$ 5,3 milhões (cerca de R$ 29,5 milhões) em um leilão promovido pela Sotheby’s em Nova York nesta quarta-feira (16). O objeto é o maior meteorito de Marte já descoberto na Terra e foi comprado por um licitante anônimo. O valor obtido ficou acima das expectativas dos organizadores, que acreditavam que o meteorito seria adquirido por um valor entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões (de R$ 10,8 milhões a R$ 21,6 milhões).
Batizado de NWA 16788, o meteorito pesa 24,5 quilos e é significativamente maior que os demais fragmentos marcianos encontrados até hoje, geralmente com tamanhos muito menores. A peça foi descoberta em novembro de 2023, na região remota de Agadez, no Níger, e corresponde a um exemplar cerca de 70% maior que o segundo maior meteorito marciano já catalogado.

- Meteoritos são fragmentos espaciais que sobrevivem à entrada na atmosfera terrestre após se desprenderem de cometas, asteroides ou meteoroides.
- No caso do NWA 16788, análises indicam que ele foi ejetado da superfície de Marte por um impacto de asteroide tão intenso que parte do material se transformou em vidro.
- Na superfície do meteorito, é possível observar uma crosta vítrea, resultado da alta temperatura durante sua passagem pela atmosfera da Terra.
- Com coloração avermelhada marcante e porte monumental, a rocha é considerada uma relíquia científica e visualmente impressionante.
- “NWA 16788 é uma descoberta de importância extraordinária, o maior meteorito marciano já encontrado na Terra e o mais valioso do tipo já oferecido em leilão”, afirmou Cassandra Hatton, vice-presidente de ciência e história natural da Sotheby’s.
- Ela acrescentou que o exemplar é uma conexão tangível com o planeta Marte, “nosso vizinho celeste que há muito tempo captura a imaginação humana”.

Leilão levanta debate entre ciência e mercado
A venda do meteorito reacendeu o debate sobre o destino ideal de descobertas científicas raras. Para o paleontólogo Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, a peça deveria estar em um museu. “Seria uma pena se desaparecesse no cofre de um oligarca. Pertence a um museu, onde possa ser estudado e apreciado por crianças, famílias e pelo público em geral”, declarou à CNN antes do leilão.
Já a cientista planetária Julia Cartwright, da Universidade de Leicester, defende que o mercado de meteoritos tem papel importante no avanço da ciência. “Se não houvesse mercado para busca, coleta e venda de meteoritos, não teríamos tantos em nossas coleções — e isso impulsiona a ciência!”, afirmou. Ela acredita que o interesse científico permanece, mesmo após a venda, e destacou que uma amostra de referência do NWA 16788 foi preservada no Observatório da Montanha Roxa, na China.
Cartwright conclui que, embora fosse ideal que a rocha fosse exposta ao público ou estudada mais amplamente, o novo proprietário pode ter interesse científico, o que ainda permitiria descobertas relevantes a partir do material.
Leia mais:

Outro meteorito marciano foi leiloado por US$ 200 mil
A venda milionária do NWA 16788 não é o primeiro caso de um meteorito marciano em leilão. Em fevereiro de 2021, um fragmento com traços da atmosfera de Marte foi vendido pela Christie’s por US$ 200 mil, bem acima da estimativa inicial, que variava entre US$ 30 mil e US$ 50 mil. Isso reforça o crescente valor de mercado atribuído a objetos espaciais de origem comprovada.