Em meio à crise provocada pelo tarifaço ao Brasil de Donald Trump, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), limpou sua agenda pública na tarde desta terça-feira (10) e voou para Brasília para se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tanto Tarcísio quanto Bolsonaro publicaram um vídeo em suas redes sociais sobre o encontro, em um restaurante no Distrito Federal.
A equipe de comunicação do Palácio dos Bandeirantes foi questionada pela Folha, mas não informou, até a publicação desta reportagem, se Tarcísio viajou a Brasília em avião do governo paulista. No vídeo, é possível ver que ele estava acompanhado de assessores especiais de seu gabinete.
Na carta em que informou o presidente Lula (PT) sobre as sobretaxas internacionais, o presidente norte-americano, aliado do clã Bolsonaro, citou o ex-presidente brasileiro logo na primeira frase, dizendo que a forma como o Brasil o tratou “é uma vergonha internacional”.
Bolsonaro é réu em uma ação em trâmite no STF (Supremo Tribunal Federal) por liderar uma trama que tentou dar um golpe de Estado no fim de 2022, após ele perder as eleições.
Na parte da manhã, antes da viagem, o governador havia dado uma entrevista em que admitiu que as medidas do aliado republicano trarão impactos negativos à economia paulista, cobrou o governo Lula a negociar com os Estados Unidos e disse que Bolsonaro é inocente e que, caso seja condenado, deveria receber indulto, pois a medida “pacificaria” o país.
Na mesma entrevista, Tarcísio mais uma vez mandou recado ao STF (Supremo Tribunal Federal), em coro com Trump.
Questionado nesta quinta-feira sobre o papel do Supremo na decisão sobre a tarifa, Tarcísio afirmou: “[Tem] uma série de posturas que não condizem com a nossa tradição democrática e eu espero que o Brasil sente na mesa e resolva o problema das tarifas”.
Na semana passada, Tarcísio compartilhou postagem de Trump em apoio a Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente do Brasil “deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições”.
Ao endossar o republicano, o governador bolsonarista fez crítica a processos envolvendo o ex-presidente tanto no STF, onde Bolsonaro é réu no julgamento da trama golpista, quanto a decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas quais o ex-presidente foi condenado e declarado inelegível até 2030.