Vídeo inédito mostra falha geológica se abrindo em terremoto

Vídeo inédito mostra falha geológica se abrindo em terremoto

Câmera registra pela 1ª vez a ruptura de uma falha sísmica ao vivo. Tremor de 7,7 em Mianmar revela movimento inesperado do solo

terremoto
(Imagem: raditya / Shutterstock.com)

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Pela primeira vez, uma câmera de segurança registrou com clareza o momento exato em que uma falha geológica se rompe durante um terremoto de grande magnitude. O vídeo, captado em Thazi, em Mianmar, mostra o solo se partindo em tempo real durante o abalo sísmico de magnitude 7,7 que atingiu a região em 28 de março. A gravação, que circulou no YouTube (assista abaixo), revelou detalhes inéditos sobre a dinâmica dos terremotos.

Ilustração de medições de terremoto feitas por agulha de sismógrafo
Terremoto que atingiu Mianmar este ano rompeu uma falha geológica que foi capturada em vídeo (Imagem: Menur / Shutterstock.com)

O que mais surpreendeu os cientistas não foi apenas o fato raro de o rompimento da falha ter sido registrado em vídeo. O que chamou atenção foi o movimento curvo da rachadura, uma característica até então inferida apenas a partir de registros geológicos ou marcas em superfícies rochosas conhecidas como slickenlines (marcas de atrito deixadas nas rochas pelo deslizamento da falha), mas nunca observada diretamente.

Movimento curvo da rachadura surpreende pesquisadores

  • O vídeo foi analisado por Jesse Kearse, geofísico e pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Kyoto, no Japão.
  • Em um comunicado, ele explicou que ficou impactado ao perceber que a rachadura não se expandia em linha reta, mas sim ao longo de uma trajetória curva com convexidade voltada para baixo.
  • “Em vez de as coisas se moverem em linha reta na tela, elas seguiram um caminho curvo, o que acendeu um alerta imediato na minha cabeça”, afirmou Kearse.
  • Ele já havia estudado anteriormente a curvatura de deslizamentos em falhas, mas apenas com base em registros do passado.

Velocidade, desvio e dinâmica da falha

Ao lado de seu colega Yoshihiro Kaneko, também da Universidade de Kyoto, Kearse conduziu uma análise mais detalhada do vídeo. Eles descobriram que a falha curva bruscamente no início, depois acelera até atingir cerca de 3,2 metros por segundo, deslizando um total de 2,5 metros em apenas 1,3 segundo. Após esse pico, o movimento da falha se endireita e desacelera.

Segundo os pesquisadores, essa curvatura ocorre porque as tensões na superfície do solo são menores do que as que atuam mais profundamente na crosta terrestre. Essa diferença cria padrões irregulares de movimento na falha. “A curvatura guarda informações importantes sobre a dinâmica do rompimento”, explicou Kearse no vídeo publicado no YouTube abaixo.

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Implicações para estudos futuros

Compreender como essas curvaturas se comportam pode ajudar a revelar como terremotos anteriores ocorreram e fornecer pistas sobre futuros eventos sísmicos. Isso porque a direção do rompimento da falha influencia diretamente na forma como essas curvas se formam. Segundo Kearse, as forças superficiais podem empurrar a falha para fora do seu curso previsto, até que ela “se recupere” e continue o movimento esperado.

As descobertas ainda não passaram por revisão por pares, mas foram publicadas no repositório científico Earth ArXiv em 16 de junho.


Ana Luiza Figueiredo

Redator(a)

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.


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