O governo chinês alertou, no entanto, que não vai tolerar ameaças de Donald Trump. China diz que está disposta a negociar com Trump, mas não aceita coação nem extorsão
O governo da China disse nesta sexta-feira (2) que aceita discutir com os americanos uma saída para a guerra comercial. Mas alertou que não vai tolerar ameaças de Donald Trump.
O Ministério do Comércio da China confirmou que foi procurado pelo governo Trump para negociar um acordo comercial que coloque fim à guerra de tarifas. Uma guerra iniciada por Donald Trump. Pequim afirmou que está avaliando a oferta, mas exigiu: a Casa Branca deve demonstrar sinceridade nas negociações. Os chineses advertiram os Estados Unidos a não usarem extorsão e coação. Caso contrário, as tarifas continuam.
A mensagem veio no mesmo dia em que um dos efeitos da guerra tarifária chegou no bolso dos americanos. Começou a valer a supertaxa para produtos importados da China – imposta por Trump. Antes, compras de até US$ 800 não eram tributadas. Agora, essas remessas pagarão 120% de imposto ou uma taxa fixa de US$ 100.
No Meio-Oeste americano, os fazendeiros se preparam para pagar parte da disputa comercial. Quando a caminhada pelo terreno começa a fazer esse som é sinal de que chegou a hora de plantar.
“É um ciclo recomeçando”, afirma o fazendeiro Jim.
Há 150 anos o sustento da família dele vem da região no interior de Iowa. Os Estados Unidos são o segundo maior produtor de soja do mundo – atrás apenas do Brasil. A produção abastece todo o país e ainda sobra. Metade é exportada, principalmente, para a China.
Por isso, quando há uma guerra comercial entre americanos e chineses, parte da conta é paga por esses fazendeiros. Foi assim em 2018, no primeiro mandato de Donald Trump, quando a China impôs 25% de sobretaxa à soja americana em resposta às sobretaxas a produtos chineses. Na época, as exportações para a China caíram pela metade. Quem se beneficiou foi o Brasil, que se tornou o principal fornecedor de soja para a China. O professor Dermot Hayes, da Universidade de Iowa, diz que a história pode se repetir:
“A minha preocupação é que nessa guerra comercial de agora a China compre ainda mais do Brasil e os agricultores brasileiros usem esse dinheiro para investir em terras e maquinário e assim plantar duas safras por ano”.
Jim teve prejuízos em 2018. Mas agora tenta não pensar nisso:
“Decidi não me preocupar com o que não posso controlar”.
O vizinho dele que também cultiva soja, Kent Scheib está menos otimista:
“Depois do que aconteceu em 2018, a nossa reputação foi prejudicada com a China, que não nos vê mais como um parceiro comercial confiável. As tarifas de importação também são ruins. Trump impôs 25% de taxas no aço e alumínio. Materiais usados para fazer isso daqui. Dá para imaginar quanto vai custar um novo?”.
O silo de alumínio tem quase 8 m de altura. É um dos lugares onde o Kent costuma armazenar a soja que é produzida na fazenda dele. O tanque tem capacidade para guardar 500 toneladas de soja e ele está cheio da colheita de 2024. Logo, ele vai ter que liberar espaço porque daqui a cinco meses vai ser hora de colher mais soja do campo.
China analisa se vai discutir com os EUA saída para guerra comercial
Reprodução/TV Globo
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