Siglas têm histórico de baixa fidelidade ao governo, principalmente em pautas de ‘ideológicas’; também contam com integrantes que querem se distanciar da gestão petista. Com a maior fatia do fundo eleitoral e as maiores bancadas no Congresso, a federação União-Progressistas pode se afastar de vez do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois partidos têm histórico de baixa fidelidade ao governo, principalmente em pautas ideológicas.
Juntos, os dois partidos passarão a ter 109 deputados e 14 senadores, além de cerca de R$ 1 bilhão em fundo eleitoral (valor de 2024). E já há quem defenda que a força política criada pelo grupo seja gatilho para a saída do governo.
Evento de anúncio da federação entre União e PP
Renato Araújo/Câmara dos Deputados
De oposição, o presidente do PP, Ciro Nogueira, disse à Globonews que vai esperar passar a convenção e a montagem do novo estatuto — exigências para aprovação da federação pelo Tribunal Superior Eleitoral — para, na sequência, defender o desembarque do governo Lula.
Reservadamente, um integrante do União Brasil também acredita que esta seja “a tendência”. Segundo este parlamentar, os partidos “vão continuar com apoio acanhado ao governo, com composições pouco avalizadas como um todo”, até “gradualmente saírem em 2026”.
Já um membro do PP fala que “a federação não muda nada” e que os dois partidos seguem independentes do governo Lula, como sempre foram.
União Brasil e PP lançam federação com maior bancada na Câmara
As duas legendas têm ministérios, além de vários cargos federais de segundo e terceiro escalão, como em superintendências regionais.
Na Esplanada, o PP tem o Ministério dos Esportes, com André Fufuca. O União tem o Ministério do Turismo, com Celso Sabino, além das Comunicações, com Frederico de Siqueira, e do Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes.
As duas últimas pastas, contudo, entram na “cota” do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), e segundo integrantes do partido não são da sigla.
Histórico de ‘infidelidade’
Apesar disso, no Congresso as duas legendas têm histórico de infidelidade ao governo, principalmente em pautas ideológicas.
A urgência do projeto de lei da anistia foi assinada por 68% do União Brasil e 73% do PP.
Na Comissão de Constituição e Justiça, todos os parlamentares dos dois partidos votaram a favor da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF).
E, no plenário, 37% do União Brasil e 23% do PP votaram contrários à prisão do ex-deputado Chiquinho Brazão, suspeito de mandar matar a vereadora Marielle Franco.
Nas pautas econômicas, os percentuais contra o governo foram menores:
Reforma Tributária: 32% do União Brasil e 18,8% do PP
Arcabouço fiscal: 11,8% do União Brasil e 18% do PP
PEC da Transição: 18,5% do União e 26% do PP
Alguns nomes da federação também pressionam para a guinada de vez para a oposição, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que já anunciou que será pré-candidato à presidência da República.
Integrantes dos dois partidos dizem que, para que Caiado seja oficializado presidenciável da federação, precisa se viabilizar eleitoralmente, alcançando pelo menos 10% das intenções de voto até o meio do próximo ano.
Do contrário, integrantes da legenda prometem buscar um outro nome de centro-direita para a corrida ao Planalto. No PP, contudo, há quem diga que nunca houve acordo com Caiado.
Federação empodera União e PP e pode afastar de vez partidos do governo Lula

Deixe um comentário
Deixe um comentário